terça-feira, 28 de agosto de 2012

O Catavento


Em um sábado desses, eu levei minha filha de quase três anos para vacinar. Na saída do posto de saúde, tinha um daqueles vendedores que tem tudo o que as crianças adoram, e que chegam a ser um pesadelo para alguns pais. Vendia algodão doce, balas, pirulitos, papagaios (pipas) e etc. Mas minha espôsa viu um catavento e decidiu compra-lo para nossa filha. Quando entregamos o catavento, não existia absolutamente nada mais bonito e importante para minha filha. Somente aquele catavento bastava. Balançava de uma lado para o outro e dava gritos de alegria ao ver o catavento girar. Entramos no carro e abri um pouco a janela de trás, o lado onde minha filha senta, então disse a ela para colocar o catavento pra fora e comecei a voltar pra casa. Pronto, ela foi ao céu naquele momento. Vê-lo girar naquela velocidade parecia ser a melhor experiência já vivida por alguém. E no meio de todo aquele entusiasmo e euforia, em um momento de descuido, ela o deixou cair. O que era antes a melhor coisa do mundo, virou o meu maior pesadelo. Não de ouvir minha filha chorar a plenos pulmões, mas de ver a alegria que era tão contagiante ir embora assim, e a tristeza chegar de forma tão violenta. As lágrimas escorriam pelo seu rosto como se fossem uma cachoeira. Dei meia volta com o carro, estacionei e saí em busca do tão amado catavento. Encontrei o que estava perdido são e salvo no canto da rua. Ao devolver para minha filha, toda aquela tristeza sumiu da mesma forma que tinha chegado, e deu o lugar de volta para toda aquela alegria contagiante.



Você daria esse valor a um catavento? Um objeto simples, feito de bambu com cartolina e arame. O que pode ter de tão importante, tão valioso em um catavento? Não precisa ter nada para agradar uma criança. Ela simplesmente gosta, sem olhar a construção, acabamento, qualidade e "status". A criança gosta de graça. Sem pedir nada em troca. Se todos nós já fomos crianças um dia, por que não podemos mais gostar assim, de graça? Em que ponto de nossas vidas deixamos essa simplicidade escapar de nossas mãos? Demos lugar ao egocentrismo, que dita as novas regras e valores em nossas vidas. Para se fazer uma nova amizade, é preciso preencher requisitos mínimos estabelecidos como se fosse uma vaga de emprego. E se o candidato a futuro amigo não preencher os quesitos, não serve nem para conhecido e vai direto pra lista de ignorados. O que custa aceitar uma pessoa de uma cultura diferente da sua? Apesar de cores, cabelos e formas diferentes, somos todos pó dessa terra, e ao pó voltaremos. Onde está o amor? O que te faz melhor que o irmão da igreja que senta ao seu lado na hora do culto? Se Jesus viesse nos dias de hoje, você acreditaria nele? Mesmo ele aparecendo com um jeans surrado, uma camiseta de mais de dez anos de uso com tênis encardido e mãos grossas e calejadas de tanto fazer moveis na marcenaria do pai? Você daria ouvidos a um simples homem, de origem humilde? Daria algum valor se ele lhe dissesse que iria morrer amanhã dizendo que era para te salvar? Vamos, abra os olhos e deixe Cristo moldar o seu caráter. Ame aos outros, ao vizinho, ao seu colega de trabalho da mesma maneira em que você se ama. Cuide deles da mesma forma em que cuida de você mesmo. Aceite o fato de que temos que amar a todos INCONDICIONALMENTE. Para não deixar dúvidas, incondicionalmente quer dizer: inteiramente, sem condições. Ou seja, amar até os defeitos, a parte que você não gosta. Amar sem condicionar reciprocidade. O que te faz pensar que Jesus morreu por você, mas por aquela outra pessoa, não? Jesus amou e morreu por todos, e se você diz que ama e segue a Cristo, então tem, obrigatoriamente, que amar e morrer por todos também. É muito difícil, eu sei. Mas tem que ser assim.

Que possamos amar a todos com a mesma intensidade que minha filha demonstrou com o catavento. E que ao perder alguém, realmente sofrer por essa perda como minha filha sofreu. Não da boca pra fora, mas com atitudes sinceras.

Palavrantiga
O Amor que nos faz um

O fogo ardeu, o anjo falou
Onde está o amor?
A glória se foi, a chuva molhou
As palavras que ainda antes o amor me mostrou
Nunca é tarde demais, não
Nunca é tarde demais
Pra descobrir o amor que vai além dos meus versos
E parece dizer, é o Senhor quem pergunta
Onde está você?
Você que diz que me adora, mas não estende a mão

O amor que nos faz um
O amor é o que nos faz um
O amor se revela a mim
Como uma bandeira, verdade e graça
Um mandamento, e a nossa canção
O amor que nos faz um
O amor é o que nos faz um
O amor se revela a mim
Como uma bandeira, verdade e graça
Um mandamento, e a nossa ação

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